IAGO-RA?
Achando não acordar mais, soltou um adeus inesperado que de nada adiantou. Já era noite e aparentava mais ou menos seis horas, tudo preparado para os mais reais dos sonhos ou o maior, até mesmo nenhum, não me recordo. Meio tonto e com o sono chegando, deitou. Foi um tempo curto, mas o de mudanças. Na hora exata acordou. Tudo servindo-lhe como sabendo o que possivelmente aconteceria. Angustiado, preferiu os afazeres. Só que antes já tinha se informado do que não poderia. Sabe que tem fobia, medos e não pensa muito, age por impulso. O mesmo...
E todos saíram... ao perceber, precatou-se. Como havia problemas nos interruptores só tinha que ir lá depois da cozinha e ligar o que fosse preciso. As luzes acesas só eram a da sala e ainda do seu quarto. Assim foi e ligou tudo, voltando assustado "Com o que?". Ele sempre foi assim. Mal dormia quando era a hora de dormir, seguindo a mesma faixa. O pai trabalha e a mãe quase não para em casa. Julgado pelo que não é e ainda tem mais isso. Empregada se demitiu, pois não aguentou a tristeza daquele menino de família classe alta que fremia de dor, desencontros com si. Só queria ser feliz o pobre coitado, mas se nem dormir podia. Quer dizer, dormia sim, tendo como mais fácil o interruptor quebrado com todas as luzes desligadas. É que ao dormir a sua alma aparentava levantar, eu via isso. Dentro de si havia uma guerra de pensamentos e forças atrativas. Tudo ele fazia para levantar, mas o seu corpo continuava ali, imovível. Dava para perceber, era toda noite ele suando frio e muito aflito esperando o inesperável.
No dia que ele resolveu enfrentar esse pesadelo, fora os outros, aconteceu o que já tinha previsto. O adeus. Ele resolveu ficar parado para ver o que dessa vez iria acontecer e aconteceu. Quase sem ar e sem esperança, fez o máximo e inspirou. Ao expirar os movimentos vieram voltando com o mesmo, fazendo daquela noite à única, mas por se tratar dele, aquele garoto, novamente às seis... os sonhos ou o pesadelo? É a rotina.