É uma sensação que nem as palavras conseguem decifrar. Não sei. Será que continuo escrevendo e tentando entender? Só sei que queria te ter em imediato. Te abraçar e olhar nos teus olhos, para assim, dizer o que eu nunca tive coragem. Com você o meu estar fica em casa. Se os opostos sem atraem, eu agora confirmo! Dizer que é amor ainda é muito cedo, mas talvez não. É como se o meu maior desejo fosse estar com você aqui. Só de abrir a janela e sentir o vento assoprar no rosto, sinto-te. Eu míope e você nítida, mesmo assim te vejo no piscar das estrelas. Se eu sair na rua agora e ver um lombrado, ou um bêbado, verei eu. Acontecia e acabava de repente, agora sinto simultaneamente. Se for assim sempre que eu parar para pensar em você, pensarei para sempre.

O pai de Joia, Rai Filho, veio de uma família de classe baixa. Filho único que perdeu a mãe cedo por causa de uma doença com um nome muito estranho provocado por alergia a pêlos. Apesar dessa tragédia, era apaixonado por felinos. Seu pai, homem simples e muito honesto, desde pequeno levava para sua casa gatos achados na rua e cuidava deles até a morte. Assim foi crescendo a quantidade variada de felinos em sua humilde casa; eram gatos beges, brancos, mariscos e outros tantos. Entre essas diversidades nasceram de um mesmo casal exatamente três gatos totalmente diferentes dos demais. Enormes, tinham olhos que parecia ser um espelho e refletia muito. Eram os únicos que não se misturavam com os demais, sendo o destaque. Negros, bem negros e com olhos esverdeados, unhas afiadas e grandes, com dentes que trincavam de fome. Estranhos e medonhos...

Depois de um longo dia de trabalho na floresta, vindo para casa, Rai conheceu uma mulata diferente das outras mulheres que ele já viu em sua vida. "Simples” e muito bela, com longos cabelos brancos e olhos pretos e profundos, parecendo não ter fim. Todo dia eles se viam naquele mesmo caminho. O nome dela é Preciosa Lunna. Ela parecia esconder alguma coisa, mas a obsessão de Rai não o deixou enxergar. Ela é de enfeitiçar mesmo!

Dias se passaram e o seu sonho enfim se realizara? Só faltava mesmo uma criança. E Lunna estava grávida, mas ainda não sabia. Passou alguns dias na casa de Rai e seu pai. Foram dias maravilhosos e recheados com muito amor.

Em uma noite Lunna estava no quarto descansando. O velho estava sentado na sua cadeira-balanço olhando para a lareira e o filho na cozinha preparando o jantar. Ouviram-se miados altos e agitados, quando viram eram aqueles três gatos negros preparados para o bote, um deles com a boca muito vermelha e logo vira que era sangue. Lunna saiu do quarto para ver o que estava acontecendo enquanto Rai foi ajudar o pai, que estava muito desesperado. Em um ataque de nervosismo, os três gatos avançaram em cima do velho. Aquela pequena casa cheia de gatos fremia de tanta agonia. Os gatos fizeram dele um pedaço de carne fresca, matando-o friamente. Seu filho quebrou uma das cadeiras que estavam perto dele, e pulou em um dos gatos, arrancando um miado revoltante. Os outros dois pararam e olharam bravamente para Rai. Sem reação, ordenou que sua mulher fosse procurar ajuda. Lunna não sabia o que fazia, tinha abandonado os seus totens e sua coroação. Totens? Coroação? Correu desesperada! 

Lugar deserto e com poucas casas, além da escuridão. Rai continuava enfrentando os gatos. E ouviu-se de longe um rugido alto e estranho. Convulsivamente, ela parou. Olhou para traz e imaginou o pior. Logo começou uma ventania e caiam há todos instantes flocos de neve. O que ele não sabia era que Lunna estava esperando um bebê. Ajoelhou-se no chão e chorou bravamente. Porém, o que aconteceu naquela casa? Será que ouve alguma alteração nos gatos? Viraram tigres? Saiu andando por aquele lugar deserto atrás de seu povo. Ao voltar, eles reagem:

Lunna voltou! Eu disse que ela iria voltar atrás – disse Laís, uma garota linda e a mais inteligente dos Lunns. Tem nove anos, mas uma maturidade incrível. Domina o Totem rosa.

Na verdade essa “simples” mulher (na concepção de Rai) é a rainha dos Lunns. São povos com essência de coelho, do bem, que tem poderes surpreendentes. Lunna é a única que domina os três Totens: Rosa, Branco e Preto. Por isso o nome desses povos são Lunns, vindo de Lunna. É um reino florestal, com cheiro de cenoura e com muita magia. Pessoas com personalidades semelhantes e diferentes, com o único objetivo: expandir o amor e a preservação do seu lugar. Lunna abandonou seu cargo atrás de uma vida um pouco mais “normal”. Seu sonho sempre foi ter uma família e sendo a rainha do Lunns, não pode se apaixonar por outra pessoa sem ser alguém do seu povo.

Olhem! É a Lunna mesmo... – disseram.

Laís reúna todos aqui que eu irei ter uma conversa com eles. É importante – suspirou.

Em instantes várias pessoas se localizaram ali para ouvir o que Lunna tinha a dizer. E assim ela contou tudo o que aconteceu naquela casa com Rai e seu pai, anunciando também, que estava grávida. Pediu para retornar ao seu trono e vingar quem fez aquilo, pois ela sabe que aqueles gatos só podem ser maldição dos Tupakan querendo atingi-la.

Tupakan é um povo indígena servos do espírito felino que só quer a destruição. São em especial invocados por gatos ferozes e muito ágeis. Destroem as florestas e planejam sempre acabarem com o reino Lunna, o seu maior e único rival. Quer dominar aquele lugar e trazer o seu “deus” de volta a terra.

Claro minha serva! Rainha dos Lunns! Aceitamos-te de volta ao teu lugar! – foram vozes repetitivas dizendo o mesmo. Segundos passaram e silêncio total. Clareou. Desceram neves do céu seguidos de ventania. Três coelhos: um preto, branco e rosa ofereceram-lhe uma grande cenoura dizendo: "Preciosa Lunna, a rainha dos Lunns".

Aproveitando o momento, Lunna olhando para sua barriga: Menina, você é a única lembrança que eu tenho de seu pai, por isso vou te nomear Joia. A minha Joia rara. – disse, deixando todos emocionados. Ouviram-se palmas.

OBS: Esse conto foi baseado no livro que estou escrevendo. Peguei as partes importantes do começo da história, mas já tenho em prática o primeiro capítulo. Tem muito ainda a se desenvolver. Amizade verdadeira, profusa magia e muita ação. A floresta nos espera...